O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) passou o dia de ontem oferecendo ao povo brasileiro e, por tabela, ao mundo inteiro, um daqueles espetáculos nos quais faz questão de exibir o que o judiciário tem de pior. Uma opereta do Terceiro Mundo. Os desembargadores apresentaram uma performance da Boca do Lixo – frases desconexas, explicações sem dados, análises sem bases  jurídicas, sem que ninguém entendesse direito o que, exatamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava sendo acusado. Ao final, acaba-se saindo uma decisão tão incompreensível para qualquer cidadão honesto, que paga impostos e cumpre à lei.

Trata-se, no caso, de uma campanha de impedir que o ex-torneiro mecânico suba, outra vez,  a rampa no Palácio Planalto . Ninguém conseguiu provar que Lula era proprietário de um tríplex no Guarujá e, sobretudo exibir evidências jurídicas. A maioria dos juristas, inclusive autoridades internacionais, não entendem como que alguém possa ser julgado e condenado sem provas. No entanto, a campanha contra o líder petista foi orquestrada pelas elites predatórias e executada pelo corrupto, ineficiente e ineficaz sistema judiciário no Brasil.

A classe jurídica, entretida a discutir sobre si mesma, dirá que decisões com essa parecem normais, dentro da Constituição Federal, mas não são, pois influem na vida de milhões de brasileiros. Eis aí uma decisão que as aparências não enganam. Com tantos outros, a decisão do TRF-4 é contra o povo brasileiro, e principalmente um ataque ao processo democrático, que trará severas consequências para o futuro do país. O judiciário vive em uma bolha, que precisa ser estourada. Murmurando o tempo todo entre si, lendo nos jornais somente aquilo que se se publica sobre eles próprios e iludidos quanto à relevância que julgam ter, os desembargadores apenas conseguem tornar-se cada vez mais aborrecidos, incompetentes e corruptos, e menos capazes e interessados de melhorar a vida de quem quer que seja.